sexta-feira, setembro 21, 2007

toxic 03: dicas para um ambiente saudável

Intoxicado?
Dicas e tricas para um ambiente organizacional saudável:

Quais os pressupostos de partida a assegurar?

A gestão dos recursos humanos passa hoje também pelas novas intoxicações organizacionais, há que saber responder de forma construtiva, no momento de tensão.
Depois “da bomba estoirar” e depois do instante de silêncio que geralmente é gelado, tem de se trabalhar com perspicácia e ponderação. Determinadas competências são necessárias à gestão das situações tóxicas, principalmente:
1) saber ouvir;
2) estabelecer empatia e;
3) renegociar a situação.

À partida, três conquistas têm de ser ganhas, a da:
1) esperança
“ver-se uma luz ao fim do túnel”;
2) a da crença e confiança
“vale a pena tentar” e se a tentativa sair frustrada a do;
3) reconhecimento
“valeu a pena, não resultou, que outras alternativas poderemos ter”.

Um comportamento positivo adjuva a pessoa a revitalizar uma reentrada na situação e a encontrar uma boa resolução, seguem-se normalmente sentimentos de satisfação e orgulho que reforçam o laço à organização e a pertença à equipa de trabalho.


Quais as competências para a gestão das toxinas?

Para desintoxicar, é necessário primeiro que tudo, estar disponível, tirar os olhos do monitor do PC, desligar o telefone móvel e focar toda a sua atenção, na presença de quem tem à sua frente. Aqui são gestores os principais protagonistas de sucesso na desintoxicação dos outros.

São eles que têm, a montante, os decisores de topo, as políticas e estratégias organizacionais e as iniciativas de mudança, que desencadeiam as toxinas. E a jusante, os recursos humanos que vão ser afectados por elas. Há que, nesses preciosos momentos, colocar a pessoa em primeiro lugar e só depois a situação de trabalho.

Há que relativizar, seleccionar, dissipar, ou absorver as injustiças e as frustrações, de modo a que os medos e as ameaças caiam por terra e existam novamente condições para retomar a atenção e a energia no trabalho.

Quando o gestor consegue estabelecer esta dinâmica de uma forma natural, inicia-se uma cultura organizacional compreensiva e a resposta a situações negativas sente-se como uma parte, não muito simpática, mas natural do negócio.


Competências de base à gestão de situações tóxicas:

Ler os sinais emotivos e antecipar os seus efeitos nas situações de trabalho;
Manter as pessoas ligadas pela dinamização de momentos afectivos;
Ser empático com quem sofre e saber ouvir com atenção;
Actuar de modo a aliviar o sofrimento dos outros;
Mobilizar as pessoas para lidarem com o sofrimento e focarem-se novamente nas suas vidas
Construir um ambiente compreensivo, encorajador e recompensador na equipa
Frost, P. (2003, p.25).


Que cultura organizacional?

Assim, uma organização deverá investir numa cultura compreensiva, e perceber a relação que existe entre a saúde emotiva dos seus recursos humanos e os resultados financeiros que se propõem alcançar.

Deverá reconhecer, e recompensar os gestores que façam uma boa gestão das situações tóxicas organizacionais. Ter uma política de recrutamento e selecção que para além das competências técnicas procure determinadas atitudes.

Deverá promover um ambiente de trabalho justo no qual valores como a lealdade, a responsabilidade e a iniciativa possam suportar toda a saúde da organização. Deverá construir estratégias de intervenção em tempos de mudança e/ou de crise de modo a recuperar a crença e a vitalidade a longo prazo, e que possa de uma forma sustentada desenvolver uma cultura compreensiva e comunitária potenciadora de maior produtividade e de pessoas mais saudáveis.


Quais os procedimentos para uma gestão de toxinas eficaz?
Mas como fazer? – proceder a uma desintoxicação não é fácil, existe a exigência da disponibilidade, da empatia e da renegociação. Eis alguns procedimentos mais operacionais que ajudam a desmontar a situação tóxica:
1) delimitar o sofrimento de uma forma construtiva;
2) mudar a percepção da experiência penosa e;
3) realizar empaticamente uma tutoria.

A delimitação do sofrimento implica a compreensão das suas causas e a sua comunicação explícita. Esta comunicação deverá ser dirigida a quem causou a situação tóxica mas enquanto uma ferramenta útil para a mudança da situação no sentido do equilíbrio.

A mudança de percepção da situação tóxica faz-se pela transformação da situação, no sentido em que, outra pessoa, com outra visão, atribui uma interpretação diferente à mesma situação. A redefinição do acontecimento e de quais as suas causas. Não se trata de modificar algo que aconteceu mas permitir a outros que traduzam ameaças em oportunidades e fraquezas em forças no sentido da acalmia do sofrimento da pessoa.

A realização de uma tutoria ou seja de um acompanhamento, ajuda a pessoa a focar-se no seu trabalho e a evitar recaídas nas toxinas. Para isso a pessoa tem de perceber a causa da sua situação tóxica, redireccioná-la para outro contexto e depois deixá-la cair, saindo da sua influência. Aqui é importante atribuir um enfoque exacto ao que a pessoa precisa para se focar no trabalho e deixar as fontes tóxicas de lado, perceber as suas necessidades.


O que fica depois da tutoria?
O impacte da tutoria e do gestor de situações tóxicas é grande. A quem se preocupa, quem tem dois minutos para ouvir com disponibilidade, quem tenta ver as coisas boas das situações, deixa-se uma relação de confiança, transparência, lealdade e reconhecimento. E estes afectos, bons afectos, estendem-se para além da resolução da situação e tendem a permanecer no tempo. Valem pois bem a pena!


Bibliografia de base:
Frost, P.J.(2003). Toxic – Emotions at Work: How Compassionate Managers Handle Pain and Conflict. Massachusetts: Harvard Business School Press